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Roda Motor

Arquivo BD

Investir em formação é fundamental para a segurança dos motociclistas

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Elas são transportes sobre duas rodas e o condutor precisa de equilíbrio para conduzi-las e também estão envolvidas em graves acidentes nas áreas urbanas do país. De acordo com o Ministério da Saúde, só em 2014, foram registradas mais de 205 mil internações por acidentes de trânsito. Desse total, mais de 105 mil acidentes envolvendo bicicletas ou motocicletas, sendo que as situações com esta última representam mais de 90% dos casos.

De acordo com Raquel Holz, doutora em Engenharia de Produção e Transportes pela UFRGS, um dos fatores que podem colaborar com os índices de acidentes com motocicletas é a ideia, muito comum entre a população, de que se aprende a dirigir no trânsito. "Esquecemos que o recém-habilitado não tem ainda experiência suficiente para aplicar o que aprendeu no processo de formação. E talvez este seja um dos fatores que mais contribuam para a grande participação de motociclistas nas estatísticas de acidentes de trânsito do Brasil". Ela acrescenta que é preciso reavaliar o projeto pedagógico do processo de formação. "Aqui no Brasil, o que geralmente acontece, é que é destinado pouco tempo para a aprendizagem na primeira aula prática para conhecer os fundamentos do veículo".

Um dos pontos que Raquel defende é a aula prática em via pública. Em 2014, em conjunto com o funcionário do DETRAN/RS Carlos Mentz Barth e com a professora da Universidade Federal de Pelotas Natália Steigleder, ela realizou o Estudo da influência na acidentalidade, pela não aplicabilidade de aulas práticas, em via pública, na formação do condutor da categoria A (duas rodas). "Estudos realizados em simuladores de risco sinalizaram que motociclistas iniciantes possuem uma percepção de risco menos desenvolvida do que aqueles com experiência", defende Raquel em trecho do trabalho. Ela disse ainda que  o estudo "Percepção de risco de motociclistas infratores" realizado com condutores inexperientes de motocicletas e automóveis também revelou percentuais mais elevados na identificação e análise dos riscos em condutores experientes. "Pode-se inferir que a experiência que o condutor aprendiz obteria na realização de aula prática em via pública seria fundamental para aguçar sua percepção e assim ter uma melhor conduta no trânsito e agilidade na dirigibilidade quando em situação de possível risco", explica.

O especialista em educação para o trânsito Jaime Nazário, presidente do Instituto Sobre Rodas, observa também outras questões que merecem atenção na formação do motociclista. "O processo de formação de motociclistas é muito deficitário em vários aspectos. Fundamentos de pilotagem não chegam a ser ensinados, como parada e arrancada em aclives, ou são muito mal ensinados, como uso do freio dianteiro".

Para Nazário, não é tão simples quanto parece melhorar o atual processo, principalmente em relação à circulação dos novos motociclistas em vias públicas. "Como todo processo educacional, existem medidas de curto prazo que poderiam melhorar o nível de formação, como alterar a pista para melhor contemplar a prática de parada e arrancada em aclives e frenagem com a roda dianteira, por exemplo. O uso de bons simuladores de trânsito também seria muito útil, bem como de outros artefatos tecnológicos que poderiam trazer melhor segurança para o processo de ensino", avalia.

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